quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Identificação de crianças com altas habilidades na escola ainda é desafio

Projeto piloto do MEC em parceria com a SEED pretende implementar nas escolas públicas de Sergipe ações voltadas ao atendimento especial a esse público



O Censo Escolar 2006, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), aponta 2.553 meninos e meninas com habilidades especiais no Brasil. Entretanto, este número pode estar bem abaixo da realidade, pois muitos colégios deixam de informar quantos alunos são atendidos como pessoas com altas habilidades.



A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, de maneira geral, a proporção de pessoas com altas habilidades varia entre 1% a 3% da população de um País. Existem no Brasil quase 50 mil crianças e adolescentes matriculados desde a Educação Infantil até o Ensino Médio (Censo Escolar 2006). Se o cálculo da OMS for aplicado, a estimativa é que possa existir até 1.487.431 pessoas de seis a 17 anos com perfil de altas habilidades.



A discrepância entre a quantidade de crianças com habilidades especiais apontada pelo Inep e o número estimado pela OMS comprova que uma das primeiras dificuldades na educação das crianças hoje chamadas de “Pessoas com Altas Habilidades” (PAH) consiste em identificá-las.



As características que as diferem das demais vão além da capacidade intelectual acima da média e do alto desempenho em raciocínio lógico. Segundo o Conselho Brasileiro para Superdotação, entidade que atua na orientação de professores, pais e alunos com altas habilidades, devem ser levadas em consideração aptidões psicomotoras, artísticas, traços de criatividade e liderança.



Os primeiros sinais de altas habilidades começam a surgir a partir dos seis anos. Para identificá-los, além do teste de QI, a observação é fundamental. O professor deve estar apto a perceber a criança que apresenta uma potencialidade a ser trabalhada não apenas nos estudos, mas também em outros ambientes como o esportivo ou artístico.


Mesmo com altas habilidades, uma criança que deixa de receber educação adequada não perde suas aptidões. Mas, dependendo de seu contexto socioeconômico, ela pode nunca ter a chance de se destacar. Com a chegada da adolescência vem a necessidade de entrar no mercado de trabalho para ajudar a família e aquele talento é deixado de lado. Por esses motivos, os pesquisadores são unânimes: é preciso investir em profissionais que identifiquem e trabalhem suas potencialidades desde cedo, ou talentos continuarão a ser desperdiçados.



Políticas educacionais



A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, prevê disciplinas específicas sobre altas habilidades nos cursos de formação de professores. A política do Ministério da Educação (MEC) é manter as crianças com habilidades especiais estudando nas escolas regulares, e não apenas em centros especiais. No entanto, o ministério reconhece que eles precisam de atendimento diferenciado, não apenas para desenvolver seu potencial, mas também para que possam se adaptar sem problemas na escola. Como aprendem em um ritmo mais rápido que seus colegas, as crianças com altas habilidades precisam de desafios extras, o que muitas vezes as escolas têm dificuldades para desenvolver.



Sergipe



O Ministério da Educação (MEC) em parceria com a Secretaria de Estado da Educação (SEED) implantou em Sergipe, em novembro de 2006, o Núcleo de Atividades de Alta Habilidade/Superdotação (NAAH/S). O objetivo é identificar e dar suporte especializado à criança com aptidões especiai a fim de que elas possam desenvolver suas habilidades. O núcleo é dividido em três unidades de atendimento, uma para capacitação de professores, outra para prestar assistência ao aluno e a última para a orientação da família.



A intenção do NAAH/S é implantar nas escolas de Sergipe ambientes especializados para educação das crianças com altas habilidades, por meio das chamadas salas de recursos, freqüentadas no turno contrário ao do ensino regular. Segundo Kátia Oliveira, técnica pedagógica do NAAH/S, os colégios geralmente priorizam o trabalho de alfabetização e o ensino de estudantes com deficiências. Por isso, as crianças com altas habilidades acabam sendo atendidas apenas nas salas de aula normais, sem nenhuma atenção especial.



É justamente nesse ponto que a rede de ensino, seja pública ou particular, deve estar preparada. A técnica em Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação de Sergipe (SEMED), Jailma Rezende, realça a importância das escolas no diagnóstico dessas crianças especiais. “Os profissionais de educação devem ser capacitados a perceber a criança que apresenta uma habilidade especial. Além de observar, é preciso saber lidar com a situação e encaminhar esse aluno a um atendimento especial, além do acompanhamento escolar diário” esclarece.



Sugestão de BOX: Características de crianças com altas habilidades



- Rapidez e facilidade para aprender, abstrair ou fazer associações;

- Criatividade;

- Capacidade para analisar e resolver problemas;

- Independência de pensamento;

- Habilidade excepcional para esportes, música, artes, dança, informática ou outros talentos;

- Curiosidade e senso crítico exagerados;

- Senso de humor;

- Investimento nas atividades de interesse e descuido com as demais;

- Bom relacionamento social e liderança;

- Aborrecimento com a rotina;

- Hipersensibilidade.



Sugestão de abordagem:



- A escola regular enfrenta divergências e resistências quanto ao atendimento a crianças com altas habilidades. De um lado, existem professores despreparados para o trabalho que executam, por outro, existe a atribuição que os professores determinam a essas crianças, de que elas não necessitam de um atendimento especial, pois “já sabem tudo”. Diante dessa situação, o repórter poderia enfatizar o tratamento das escolas para com esses alunos especiais. Quais os cuidados que os professores devem tomar no tratamento diário desses alunos? Quais os principais desafios da escola nesse sentido?



- Algumas crianças com altas habilidades precisam ficar sozinhas, talvez mais do que as outras, para satisfazer seus interesses pessoais. Os pais precisam compreender e aceitar essa necessidade, desde que ela não se transforme num isolamento total. O jornalista poderia entrevistar psicólogos para esclarecer essa necessidade da criança. Até que ponto essa necessidade não se torna um isolamento excessivo? Como os pais podem identificar e lidar com essa situação?

Fonte: SEED/SE em 11/10/2007

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